Como é feito o rastreamento do câncer de colo do utero?

O câncer de colo do utero é um problema de saúde pública no Brasil. A cada ano são diagnosticados 17 mil novos casos, segundo dados do INCA . No Norte é o tipo mais comum. Nas regiões Sul e Sudeste ocupa a quarta posição entre os cânceres que acometem mulheres.

O rastreamento do câncer do colo uterino inclui a detecção precoce bem como a vacina contra o HPV.

A principio, a maioria dos países recomenda o início do rastreamento aos 21 anos de idade, com associação do teste de HPV a partir dos 30 anos.

No Brasil, o rastreamento do câncer do colo uterino ainda é oportunista. Isto é, é a paciente que faz a procura pelo exame de Papanicolau (preventivo, como nós aqui no Sul chamamos).

Antes de mais nada, sabemos que o rastreamento ideal seria a busca ativa daquelas pacientes que não buscam pelo exame. Segundo estudos, isso ocorre pela dificuldade de acesso, por medo e por não saberem da importância do diagnóstico precoce.

O câncer de colo uterino tem um longo período de lesões precursoras antes de virar câncer. Portanto, quando descoberto neste período a lesão pode ser retirada completamente e curada, e dessa forma, não prejudicar um futuro obstétrico em mulheres que ainda desejam ter filhos.

Rastreamento:

Em 2019 a ASCCP (sociedade americana de patologia colo e colposcopia) mudou as diretrizes de rastreamento, e as principais mudanças são:

  • Recomendação baseada em risco e não apenas no resultado atual da citologia.
  • Estimar o risco imediato de NIC3+ em 5 anos;
  • Junto com resultado atual (citologia + teste HPV), avaliar também a história prévia.

Antes de mais nada, isso vai determinar qual o seguimento adequado para cada paciente bem como realizar uma avaliação individualizada.

O rastreamento por teste de HPV é indicado a partir dos 30 anos, salvo em algumas situações.

Desde já, lembrar, ter um teste de HPV positivo não quer dizer que tenha lesão ou vai ter câncer. Vai apenas determinar quem deve ir para colposcopia/biópsia ou tratamento.

Não temos tratamento para o vírus, apenas para a lesão que o vírus causa. Por outro lado, para o vírus temos apenas prevenção: A VACINA!

Quem pode ser vacinado pelo SUS?

O câncer de colo do útero é o único câncer prevenível por vacina. E é fornecida gratuitamente pelo SUS em meninas dos 9 aos 14 anos completos e meninos dos 11 aos 14 anos,

E a partir de março de 2021, o ministério da saúde ampliou o grupo que tem direito a vacina pelo SUS. Agora, mulheres imunossuprimidas (com sistema imunológico fragilizado por causa de alguma condição médica) até os 45 anos podem tomar as doses. Antes a vacina era disponibilizada para imunodeprimidas e imunossuprimidas era ofertada apenas até os 26 anos.

Resumindo, o PNI (programa nacional de imunização) oferece gratuitamente a vacina para:

  • Meninas de 9 a 14 anos completos
  • Meninos de 11 a 14 anos completos;
  • Mulheres imunossuprimidas de 9 a 45 anos;
  • Homens imunossuprimidos de 9 a 26 anos.

A vacina do HPV passou a ser oferecida gratuitamente pelo SUS em 2014 pelo PNI. No esquema de 2 doses com intervalo de 6 meses.

Na primeira dose, a cobertura foi de 80%. Posteriormente, na segunda dose o governo retirou a vacinação das escolas e transferiu para as unidades de saúde, assim, houve uma queda expressiva na cobertura.

Nos anos subsequentes a cobertura vem caindo, necessitando de campanhas e estratégias necessárias para atrair o interesse de meninos e meninas na vacina.

Antes de mais nada, devemos lembrar que a vacina também previne o câncer de pênis, canal anal e orofaringe, que são áreas onde o vírus tem mais facilidade de agir.

Quem é considerado imunossuprimido?

  • Pacientes que fazem quimioterapia ou radioterapia por câncer;
  • Pessoas que passam por transplante de órgãos.
  • Pessoas com HIV positivo.

Os pacientes imunodeprimidos têm uma predisposição para infecções, como a provocada pelo HPV, e isso se agrava com a idade. A imunossupressão é um grande fator de risco para essas complicações.

Estudos comprovam que mulheres com sistema imunológico frágil, especialmente com HIV, tem uma probabilidade seis vezes maior de desenvolver câncer associado ao HPV.

Em suma, um dos motivos para ampliação da cobertura vacinal é que a faixa etária antiga não alcançava muitas mulheres em risco. No geral, mulheres que passaram por transplantes ou câncer tem mais de 26 anos, o que as excluía da faixa etária anterior (a média de idade dos transplantados brasileiros varia entre 38 e 43 anos.

Já no caso de HIV, pesquisas apontam que 40% tiveram diagnóstico entre os 29 e 44 anos.

Devemos nos preocupar com a vacinação contra o HPV em pessoas que tem o sistema imunológico frágil?

NÃO, a vacina contra o HPV não é feita a partir de vírus vivo atenuado. Ela é produzida a partir de partículas da cápsula do vírus, não tem como causar doença.

Entretanto, a eficácia nesta população pode ser um pouco menor, oque é driblado dando uma dose adicional (3 doses ao invés de 2)

O câncer de colo do utero pode ser erradicado?

Pode sim, isso pode ser alcançado com a ampla vacinação com o HPV. Isto pode ser atingido se 90 % das pessoas entre as faixas etárias acima citadas, for vacinada.

Qual é a mortalidade por câncer do colo uterino?

O INCA estima que, a cada hora, uma mulher morre de câncer de colo do utero no Brasil. São, em média, 16 370 mil novos casos e 8079 óbitos por ano.